domingo, 21 de agosto de 2011


Eu tenho saudades de fazer coisas que fiz, mas também tenho das que não fiz. A impressão que tenho é a de que as coisas que eu não fiz parecem ser mais evidentes na minha memória. Eu lembro dos meus sentimentos, do quão exaltada eu ficava diante de festas e encontros que nunca vivi. Eu lembro dos meus amigos conversando poesias, música, e sinceridade. Eu estava bonita, com os olhos cheios de esperança e dançava feito Salomé no encontro com a pomba gira. São lembranças tão fiéis. Sinto os cheiros do tambores, das flores, dos cabelos lavados no rio, da minha horta, onde eu plantava brotos e onde eu também cozinhava para meus amigos, assim, no meio do mato mesmo. Eu estava tão solta, tão lindamente livre, e isso fazia os vampiros que até hoje me perseguem dançarem comigo. Hoje eu tenho certeza que não quero dançar com todos os vampiros. As vezes fico impressionada com o tanto de coisas não vividas. Estou cansada, esperando que alguém me resgate, ou que venha alguma experiência platô, algo que me caiba a sorte de ser feliz. Estou esperando o dia de tirar todas as roupas velhas. O meu corpo adoece junto com minha alma, ele está cheio de sentimentos usurpadores. O mais estranho disso tudo é que na semana passada eu me olhei no espelho e me vi especialmente bonita. Vi coragem, vi força, vi sensibilidade, vi tantas coisas, tantas, e elas sempre desaparecem quando eu volto à minha casa.



Se quer, abra os olhos,

vai praquela coisa

que ninguém sabe onde é que é,

cheirando beira a beira de pó em pó,

cheio de tudo como pode.

É gostoso?

Arde então pra ver como é que é,

senta aqui do meu lado pra cheirar o cheiro da vida,

se ficar com medo, machuca mais ainda.

Experimente a queda, aquela do bom e velho samba mesmo,

dança ele na realidade,

põe seus olhos nas picaretas do amor.

Quero ver você deixar tocar,

sem palavras arquitetadas e heterorreguladas.


sábado, 20 de agosto de 2011

Cedo ou tarde,

molha a alma...

a revolta.

Nada demais,

deixa assim,

qualquer canção que for,

all you need is love,

dá conta de mim.

Isso de falar tudo aquilo que se quer, ainda vai me deixar sozinha...

(mulher companheira de paulo leminski)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011


Tristeza é sim, senhora.

Só que as coisas não estão demorando em ser tão ruim.

A gente vai esvaziando, esvaziando, e quando vê não sobra nada.

É aí que a tristeza vira senhora.

Tem um amor que não fala e não escuta, que caminha junto e longe.

Esse amor é também senhor, senhor de uma maestria enorme em te deixar pequena,

principalmente quando o vazio está cheio de boa nostalgia.

Do carinho eu espero uma mão, pode ser do tipo solidária mesmo.

Faz tempo que não me procuram,

onde eu estou?

Por onde eu ando?

Continuo gastando memória com coisas desinteressantes,

mas procuro o interesse, incessantemente.

Ando cansada de ouvir e ver a realidade,

pior quando ela é exibida por corpos tão ausentes dela mesma.

Tô cansada, despossuída de mim.

Meu quarto bagunçando, é de uma continuidade que se eu quiser, passa desapercebida.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011


É assim,

tem uns desejos que ficam em silêncio no corpo,

só que tem umas bocas e uns olhares que bagunçam essa quietude.

Dá vontade de mandar esse desejo abrir a boca e mergulhar dentro dele,

até mesmo se ele for extremamente diferente daquilo que você imagina...

é uma coisa meio delícia, meio cheia de mistério e gosto.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011


Na verdade eu sinto que do meu corpo sai uma canção cigana que está sem território para ser cantada. Eu passaria noites dançando uma vida nômade, cantando a gritos e dedilhando as formas de um mundo sempre em porvir. Enlouqueço de desejo quando vejo filmes como os de Tony Gatlif. Sensíveis, sinceros e cheios de verdade sobre nós humanos. Ciganos somos, de corpo e alma feitos de pandeiro, tambor y una bella guitarra. Eu não sei se sou eu que sinto ou se isso existe mesmo, sei lá, só sei que me gusta a loucura que eu sinto quanto escuto músicas orgânicas, originárias, tribais, sinceras de tudo. É canto de índios, de negros, de povos de deserto, de povos de frio, de povos de caverna, de mar, de gente que ama, de gente que sabe que tem pele e sangue, de gente que quer caminhar pelo mundo livremente, que escuta xamãs, que tem deuses, que observa a espiritualidade da natureza e abre a alma para ser invadida por isso...

Ai ai, eu não sei de muitas coisas, mas eu sinto que estou conectada com alguma coisa, alguma coisa cheia desses aspectos todos. Fico feliz quando vejo filmes como Transylvania, vou embora com eles e existo em qualquer lugar.

Indico este Link:

http://www.youtube.com/watch?v=4EIafUp6NjM&feature=related